segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CONVERSA DE VENDEDOR...




CCabral

O vendedor é o bicho que se parece mais com gente e pensa que todo cliente é inocente, podendo ser facilmente convencido com as suas argumentações sobre determinado produto. Pra começar, o que ele vende sempre é o melhor, belo, mais resistente, mais funcional, inquebrável, de cores firmes e os melhores preços da praça, com garantia estendida, importado do exterior e atende as exigências do consumidor de alta categoria nacional e internacional, tratando-se do último lançamento na Feira Internacional de Berlim, na Alemanha, onde recebeu os maiores prêmios de alta qualidade.

Vou tentar contar umas duas pequenas histórias do meu tempo de comércio. A primeira foi de um alto funcionário da General Motors do Brasil, Sr. Pereira, Gerente de vendas Regionais no Nordeste. O saudoso Pereira, era uma pessoa inteligente e gozadora. Certa vez, conversávamos a respeito dos problemas que envolviam a GM e seus distribuidores. Normalmente, o funcionário da multinacional é uma pessoa preparada para responder tudo, até sem saber, pois levam lavagem de sabedoria e vivacidade, para ficar sempre mandando no coitado do cliente(Distribuidor) que, por sua vez, tem que atender às normas da Companhia , que ensina o que o distribuidor sabe. e toma o que ele tem. Não é assim, Orlando Correia, antigo funcionário da Ford?

Conversando com o Pereira, em tom de reclamação de certas decisões que a GM tomava e não deixava o cliente bem informado, eu dizia, essa Companhia é doida, porque lançou um produto novo – Velas de Ignição de Cores e nós sabemos que o produto é o mesmo e, naturalmente vai ser para atender aos terreiros de Ubanda. Aí, o zeloso funcionário, foi logo se antecipando e disse: claro, Clovis, isso é uma besteira, que deve ter sido algum funcionário macumbeiro. lá em São Paulo que esteve na Bahia e deu uma de Marqueteiro de Ogum. Assim, fiquei na minha, pois a GM nunca fabricou nenhuma vela de cor. Isto foi uma brincadeira minha e o Pereira engoliu e saiu de mansinho.

Em Campina Grande, trabalhava de embalador, numa firma de Tecidos, que naquela época, também vendia chapéus, e na hora do almoço os balconistas deixavam que eu ficasse no balcão para aprender. E um balconista espirituoso e malicioso, me ensinou que quando um matuto pedisse chapéu, ele na certa iria perguntar se eu sabia dizer quantos anos tinha o seu chapéu velho e você diga 150 anos. Assim, o primeiro que apareceu, ofereci o produto, preço, fiquei na expectativa e o matuto perguntou: menino, você sabe quantos anos tem esse meu chapéu? Não tive dúvidas, 150 anos, senhor. O matuto p. da vida, foi logo respondendo: só não lhe digo que quem tem 150 anos é a senhora sua mãe, porque respeito a sua mãezinha, viu seu filho de uma puríssima bela. Desta forma, encerrei a minha carreira de vendedor de chapéus e voltei com uma mão na frente e outra atrás, pra meu lugarzinho de PACOTEIRO, onde eu exercia aquela função com grande maestria, terminando o meu estágio de vendedor de chapéus...E aquela frase do Ministro José Américo de Almeida –“ voltar é uma forma de renascer, ninguém se perde na volta,” eu prefiro me perder, pra não olhar pra cara daquele matuto.

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