sábado, 5 de setembro de 2009

ZÉLO MATERNO, UM ARTISTA ESQUECIDO


Sem esquecer do grande pintor e poeta Paraibano, da cidade de Areia, Pedro Américo, de conceito nacional, não se pode esquecer, também, de Zelo Materno, que eu tive a felicidade de conhece-lo e que nasceu e viveu em Campina Grande, onde foi o palco de sua atuação. O Zelo Materno era uma pessoa simples, mas de grande inteligência, exímio pintor, especialmente de objetos de tamanhos pequenos. Ele pintava a lápis, a pincel e viveu sempre desempregado, visitando amigos e dando demonstração de sua arte, até nos balcões e mesas de bares, imitando cédulas de todas as qualidades, a ponto de enganar a qualquer um. Entretanto, as demonstrações não eram pra lesar a ninguém.

Acontece, que um dia, pelos anos 50, o Zé, resolveu dar uma dimensão maior à sua arte, preparando um projeto para imitar os selos federais, para ajudar a certos comerciantes de bebidas alcoólicas, para diminuir os seus impostos que eram muito elevados, como ainda o são. Então, colocou em prática o empreendimento, abastecendo os estabelecimentos comerciais, de selos falsos, confeccionados em sua residência, com preços bem inferiores aos vendidos pelas coletorias federais.

Esta ação do artista, causou uma quebradeira nas coletorias, que não vendiam os selos do governo, mas os contribuintes estavam negociando suas mercadorias com toda legalidade, pois os selos estavam sendo usados sem nenhum problema de regularidade, sendo todos falsos, melhores do que os legítimos.

Em vista da situação, os coletores do Estado se reuniram para encontrar a razão dos contribuintes terem deixado de comprar os selos federais em todo Estado. Assim, contrataram um Delegado Especial sobre o assunto para desvendar aquele mistério e depois de muita procura sem nenhum progresso, um soldado muito experimentado, disse: isso só pode ser astúcia de Zelo Materno e não deu outra; prenderam o famoso artista, que logo foi depor, diante do Delegado, Promotor, escrivão. Na acareação, o Delegado pegou um selo, mostrando-o ao Zelo, perguntou: Sr. Zelo, este selo foi feito pelo senhor? O Zelo, pegou o selo, observando-o, foi peremptório: Delegado, este eu não fiz, só faço bem feito. Descoberta a falsificação e em vista do bom conceito do Zelo Materno na cidade, o Governo Federal deu uma oportunidade, convidando-o para a Casa da Moeda no Rio de Janeiro, reconhecendo o seu potencial criativo.É, mas o famoso artista não aceitou o convite, dizendo: agora a parada é federal e eu escapei desta, nunca mais serei concorrente de Coletoria...

Ccabral –agosto 2009

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