segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

LENDO SEBASTIÃO NERY


Josué de oliveira Lima (DRT 919)

gibiaquatico@hotmail.com

Sebastião Nery é mais historiador do que contador de estórias. Foi companheiro do historiador Harrison Oliveira que não sabe contar causos, mas escreve bem a sua própria historia, não como o Clóvis Cabral que escreve melhor que os dois embora tenha parentesco com outro Sebastião, o irmão que lhe deu a mão depois a encolheu.

Conforme atesta o Ednaldo Sousa, um bom contador de causos de Caruaru, terra de gente boa e dadivosa, também mentirosa.

Em sua coluna transcrita pelo Diário de Pernambuco, deste sábado 20/ll/2010, ele, o Nery relembra a história do Alcântara, amanuense do serviço publico do Rio Grande do Norte que prestava serviço ao gabinete do governador Alberto Maranhão, quando Afonso Pena era Presidente da República, em 1910.

Neste ano, a convite do senador Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, o Presidente veio ao Recife, escala da sua visita a Natal, a fim de conhecer o Rio Grande do Norte, dominado o tempo todo pela oligarquia Maranhão, que alternava o poder com filhos, genros e compadres do velho cacique Pedro Velho, irmão de Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, precursor da aviação, morto num desastre aéreo em Paris quando punha à prova o seu invento, um balão dirigível.

Alcântara soube da chegada do Presidente Afonso Pena e pediu ao Governador Alberto Maranhão, seu companheiro de noitadas boêmias nas ruas de Natal, que o deixasse integrar a comitiva, porque ele tinha muita vontade de conhecer um Presidente da República. O governador autorizou a viagem de Alcântara no mesmo trem que partia de Natal para encontrar-se com o outro que vinha de Recife, fazendo baldeação na estação de Nova Cruz.

Alcântara ficou muito contente e comunicou a ordem do governador ao Secretário de governo, que não achou graça nenhuma um funcionário simples integrar comitiva ilustre de representantes das Câmaras de Vereadores e Prefeitos de vários municípios, pessoas gratas da sociedade natalenses. Disse a Alcântara: você vai, mas quando o trem parar no trevo, antes da estação, você salta e vai a pé para junto da comitiva. Bom cabrito não berra e Alcântara seguiu à risca a recomendação. O trem antes de Nova Cruz parou para fazer a manobra e deixar passar na frente o que vinha de Recife, facilitando o desembarque do Presidente Afonso Pena, naquela estação.

Alcântara saltou do trem do Governador e pegou uma carona no trem do Presidente, despachado como era, foi logo se dirigindo ao mesmo de braços abertos, dizendo que o governador havia mandado ele servir de guarda costas. Chegando ao destino, quando se abriu a porta do trem o Secretário de Governo quase teve um ataque de raiva, quando viu a cara de Alcântara abrindo caminho e apresentando o Governador Alberto Maranhão às autoridades presentes.

Nenhum comentário: