segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

EU SOU UM SORTUDO


Clovis Cabral

Se uma pessoa tem sorte em quantidade, este sou eu mesmo. Vindo de uma família pobre, de Campina Grande, onde vivi até os meus 26 anos, fiz muitas amizades, estudei e me formei em contabilidade, trabalhei de contínuo (hoje, Office boy), vendedor de tecidos, vendedor de sal grosso e abastecedor de feira para casa. Essa trajetória de vida foi um aprendizado, mas ainda me sobrou tempo para me divertir e fazer amigos. Fazer amigos, foi na realidade, o que mais valeu na minha vida. Seguramente, a amizade é um fator fundamental para o crescimento da personalidade e fonte viva da convivência humana.

A minha segunda fase da vida, morando no Recife, dei continuidade à minha maneira de fazer amigos, no trabalho, no estudo, me divertindo, estudando e viajando, fazendo com que essas fontes nunca se esgotassem. É claro, quando uma amizade se acaba, na certa não era amizade e dar-se-á uma correção espontânea.

Entretanto, quero expressar neste momento, um exemplo duplo de amizade. Tenho dois amigos aqui na praia de Boa Viagem, que me tratam de uma maneira especial, que às vezes fico encabulado, pensando até que esses dignos amigos estão pensando que sou primo de Pedro Álvares Cabral. Ultimamente, esses dois aloprados, prepararam uma armadilha, dizendo a mim que estavam viajando para Porto Seguro em busca de uma pesquisa de minha família – Cabral e iriam me presentear com os dados históricos da descoberta do Brasil, que envolvem o meu nome. Os dois calafanges falaram,também, a respeito de um chá milagroso para careca, me deixando na expectativa.

Vejam a minha situação – na Cruz entre dois sacoleiros. Do lado direito, o famoso advogado, professor e historiador, Dr. Antonio Fernandes de Oliveira; do lado esquerdo, o jornalista Josué de Oliveira Lima, que inventaram a história do milagroso chá. Que nada de Chá; perdi as minhas esperanças, eis que esses dois nojentos compraram um chá-péu de palha, no Mercado São José, com a marca Tiririca, made in Ceará, colocando-o solenemente em minha cabeça, na marra, dizendo: tai matuto, volte à sua origem correndo para a Paraíba, de onde você não devia ter saído, seu Botucudo. Moral da história: quem tem amigos desses tipos, não precisa de inimigos, né, Josué?...

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