sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TEMPO DE CONFISSÃO


Clovis Cabral

É, tudo tem seu tempo. Tempo para nascer; tempo para viver; tempo para aprender; tempo para amar; tempo para pensar; tempo para confessar; tempo para o tempo e, tempo para entrar no mundo das ilusões, morrendo , sem saber se está voltando, não sei pra onde...

Como já vivi quase todos os tempos, restando o tempo de desaparecimento, que não tenho nenhuma pressa, pois é a única verdade, verdadeira que se conhece, me coloco numa posição de expectativa, observando o andar da carruagem, preparando a velocidade e os freios pra não tomar o bonde errado – aquele que passa pelo camarada Lúcifer esquerdista reacionário, sem carimbar o passaporte vermelho, com o logotipo do cão, confeccionado pela Empresa do meu amigo Queiroz.

Mesmo com a idade avançada, a velocidade é tremenda, pois não somos nós que corremos, mas o tempo que corre em nossa direção, se aproximando ferozmente, como se tivesse dizendo: “eu sou o tempo, se prepare para a grande corrida que já foi dada a bandeirada final e ninguém tem o direito de dizer aguarde um pouco mais.”

Às vezes, questiono: quem sou eu? Por que estou aqui? O que estou fazendo? Não tenho nenhum superior pra me reprovar; sou aposentado pelo INSS que nem o conheço; escrevo para um tal de Blog, sem nunca tê-lo visto nem numa feira de sabão. Na área da ilusão, só conto com o meu saudoso Professor Anézio Leão, apresentando a minha RECOMENDAÇÃO, a quem ofereço a minha certidão de aluno esforçado e amigo valoroso.

Voltando ao tempo, confesso a minha vida como esquerdista até o ano de 1958, em Campina Grande, atuando em vários seguimentos, tanto na defesa como no ataque, desempenhando as funções com grande entusiasmo, juntamente com outros “camaradas”. Acreditem, companheiros, o meu grupo se destacava em todas as ações, o que me valeram muitas condecorações, tanto no Flamengo, como no Internacional, na defesa, como zagueiro esquerdo, médio esquerdo e ponta esquerda. Assim, encerrei a minha carreira, pendurei as chuteiras e mandei as esquerdas pros infernos e agora defendo de “direita”, plagiando um doido de minha terra, que passava o tempo todo dizendo:” direita é de Deus esquerda ao Satanás”. 14/1/2011

Um comentário:

Unknown disse...

Clóvis

Neste voce deu aquela guinada nos velhos miolos e entrou em questionamentos a semelhança daqueles para os quais nunca teremos respostas, os tais
- De onde vim?
O que sou?
Para onde vou?
Contudo, para os seus,
Quem sou eu?
Por que estou aqui?
E o que estou fazendo?
Numa espécie de confissao comunitária, bem que aqui poderia voce tudo isso ter nos respondido, sem ser preciso acrescentar aquele desaforado
- Nao é da sua conta.
Era um ato de humildade e faria bem a sua alma
E quanto ao que vc se refere ao Tempo, me fez lembrar o que Mario Lago andou escrevendo sobre o mesmo, e que foi mais ou menos, assim-
"Fiz um acordo com o Tempo. Nao corro dele, nem ele me persegue. Um dia nos encontramos."
Neste voce também nos deixa a saber que se dá a leitura biblicas, pois andou citando conceitos do O Eclesiaste. Isto me foi válido, porque sendo vc um ferrenho esquerdista, julguei que era também um ainda mais ferrenho materialista.E se fiz esse tao erroneo conceito da sua pessoa, foi porque me associei aquele seu famoso Clube dos burros e burras, está lembrado?
Finalmente, em "Tempo de Confissao". voce andou mesmo transcedendo em profundidade e beleza.UM tanto saudosista, também.
E finalmente, um bem merecido Parabéns