sexta-feira, 1 de outubro de 2010

RESPOSTA NO TEMPO





Já escrevi muita coisa dedicada ao meu saudoso amigo e Professor Anézio Leão, do meu tempo de Campina Grande, quando tive a felicidade de ser seu aluno de Português. Em outras crônicas, falei a respeito do Mestre, discorrendo sobre a sua capacidade e sua vida. Comentei a propósito do presente que ele me deu, que é o meu tesouro, que está comigo e que faz parte do único acervo, que o guardo com todo carinho, desde o ano de 1958. Esta joia, é uma Gramática, escrita do próprio punho do Professor, com caneta tinteiro, nas cores preta e vermelha, com 400 páginas.
Vejam, meus amigos, como o tempo tem os seus mistérios: primeiro, é quando o meu prezado Professor, lutava para editar a sua Gramática, não tendo condições financeiras para custeá-la e fez uma poesia em sinal de protesto, inserindo-a no livro que me presenteou, conforme sua carta do ano de 1958. A pedido do amigo, Poeta Wilmar Medeiros, estou colocando no meu Blog, esta poesia. Reflitam: Poesia e as cores vermelho e preto...
V E N C Í
MEU LIVRO – UM ARREMÊDO DE GRAMÁTICA,
ENTROU ONTEM NO PRELO. A GENTE CÉTICA
FICOU PASMADA E SE MOSTROU PATÉTICA
DIANTE DA IDÉIA QUE EU PUSERA EM PRÁTICA.

ENQUANTO QUE OUTREM PERDERIA A ÉTICA,
ANTE EMPRÊSA TÃO DURA E PROBLEMÁTICA,
EU ME ESTRIBEI NA FÉ. COM ESSA TÁTICA
TRANSPUS A ESTRADA, ATÉ BEM POUCO HERMÉTICA.

PASSEI, DEVERAS, UMA FASE CRÍTICA:
QUIS, NUM INSTANTE DE PRESSÃO NEURÓTICA,
PEDIR RECURSO A UMA FAÇÃO POLÍTICA.
MAS LÁ NÃO FUI – PORQUE ESSA GENTE É EXÓTICA:
DÁ UM POR DEZ, DE AVARA E DE SOMÍTICA,
E ACHA QUE NÃO É DURA NEM DESPÓTICA...
Anézio Leão - Campina Grande, 5/4/1958

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