terça-feira, 6 de abril de 2010

MORANDO PENDURADO

Hoje, lembrei-me muito das conversas do meu velho pai, quando vinha ao Recife para visitar os seus filhos, não parando um momento de contar as suas histórias, especialmente às do Amazonas, onde ele viveu por longo tempo, junto com os índios, no cultivo da Borracha. Infelizmente, não anotei aquelas narrativas de sua vivência nas selvas do alto Amazonas, dos anos de 1901 a 1910.

Primeiro, papai vinha pra casa do nosso irmão mais velho, José, já que ele morava em casa. Mas, mesmo assim, o velho sempre reclamava, dizendo que o Recife era um lugar de doido, porque o sol nascia ao contrário, o povo não dava bom dia, boa tarde e boa noite.

Insistia para que o velho fosse me visitar e ele dizia: vou nada meu filho, você mora pendurado feito macaco e diz que mora num” apertamento?” Bastam os dez anos que vivi com os macacos no Amazonas. Aposto que chegando no seu “ apertamento”, vai me dar logo vontade de saltar e não tendo galho de arvore, eu vou me lascar no chão.

Não sabia o velho que, ficaria sozinho em Campina Grande, pois seus filhos, todos se casaram e ele viúvo, teria que ter um lugar para morar e, José, o filho mais velho o acolheu com todo carinho até a sua morte, no Recife, junto com a sua família, encerrando o seu capítulo de vida, depois de criar os seus nove filhos com tanto amor e dedicação. Sendo eu , o caçula dos homens, morei com ele, mas, tive que deixá-lo para vir pro Recife, cumprir o dever de trabalho, mas com o coração partido de saudade , não sei nem como me despedi do meu querido velho...

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