Morando na Praia de Boa Viagem, em Recife, há mais ou menos 40 anos, acompanhando o crescimento desta região e conhecendo perfeitamente as coisas boas e ruins, ainda encontramos fatos pitorescas de um passado distante. Por exemplo, quando aqui chegamos, não tinha supermercados, shopping centers, existiam poucos restaurantes, não havia hospital nem colégios. Hoje, Boa Viagem tem de tudo. O que muito se nota ainda, são pequenos estabelecimento simples, segurando ainda a tradição de um bairro pobre, vendendo bugigangas, consertando sapatos, roupas e outros materiais. Perto de nossa casa, onde nos movimentamos a pé, trazendo as sacolas nas mãos, compramos de tudo e, pra não negar os nossos costumes de Campina Grande, continuamos ainda, carregando feira pra casa e sem reclamar – pois não temos mais a nossa mãe pra ouvir a nossa choradeira.
Fazendo todo percurso no pé, nós temos a oportunidade de observarmos muita coisa interessante. A propósito do título – Ninguém Vive Só, estivemos analisando, de princípio, quatro estabelecimentos diferentes, que vivem em perfeita sintonia de concorrência e sem nenhum contrato escrito de abastecimento. Na esquina da Av. Conselheiro Aguiar com a Rua Ernesto de Paula Santos, contamos com o Fiteiro do Galego, o Quiosque do Chaveiro Miranda, a Barraca da Pamonha e milho verde do Hugo e o Banco Itaú-Personalitê. Todos se entendem muito bem; o Galego não empresta dinheiro, o Banco não vende cigarro; o Hugo vende pamonhas, não empresta dinheiro; o chaveiro não vende pamonhas, não empresta dinheiro e, no fim todos convivem, sem jogar bombas uns nos outros. Todos, precisam de todos. Cada qual, tem a sua estratégia de publicidade e importância de mercado. As mensagens para atingirem os consumidores, são as mais interessantes. A placa do chaveiro, diz o seguinte: abre-se porta – troca-se segredo; o Hugo diz: conheça a gostosa(pamonha); Galego diz; tem de tudo e dinheiro é com o Banco Itaú. E o Banco Itaú, com toda a sua personalitê, diz: tragam o apurado que nós guardamos, sem cobrar juros...
Ccabral-maio-2010
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